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Quais as infecções urinárias na menopausa mais comuns?

Infecções urinárias na menopausa se tornaram um tema de crescente relevância no cenário médico, sobretudo pelo impacto significativo na qualidade de vida das mulheres nesta fase. 

As mudanças fisiológicas que ocorrem durante este período são complexas e multifacetadas, com os níveis hormonais oscilantes afetando diversos aspectos da saúde feminina. 

A prevalência de infecções urinárias – particularmente as recorrentes – durante a menopausa é um fenômeno que tem instigado muitas perguntas, dadas as suas implicações desconfortáveis e, às vezes, dolorosas.

O diálogo em torno das infecções urinárias na menopausa tem sido catalisado pela necessidade de desmistificar e abordar pragmaticamente as condições urogenitais nesta etapa da vida. 

No artigo que preparei abaixo, vamos explorar as nuances biológicas e fisiológicas das infecções urinárias, desvendando os mistérios que cercam sua incidência amplificada durante a menopausa. 

Dessa forma, buscamos não apenas esclarecer dúvidas, mas também auxiliar na identificação e no gerenciamento eficaz desses episódios.

Afinal, as infecções urinárias são um incômodo familiar para muitas mulheres, e seu vínculo com a menopausa faz parte de uma narrativa mais ampla sobre saúde urogenital nesta fase crucial da vida feminina. 

Mas por que isso ocorre? Por que as mulheres na menopausa estão mais suscetíveis a infecções do trato urinário (ITUs)? E mais importante, como podemos gerenciar e, idealmente, prevenir essas ocorrências?

O que são infecções urinárias e como ocorrem?

ITUs são infecções que podem acontecer em qualquer parte do sistema urinário, com maior ocorrência na bexiga e uretra. 

Essas infecções frequentemente são causadas por bactérias, mas também podem ser resultantes de vírus e fungos. Na maioria dos casos, as bactérias entram através da uretra, proliferando-se na bexiga, o que dá origem à cistite, uma das formas mais comuns de infecções urinárias na menopausa.

As manifestações clínicas típicas de ITUs incluem frequência urinária aumentada, dor ou ardor ao urinar, e urina com aparência turva ou com odor forte. 

A conexão entre esses desconfortos e a menopausa reside, em grande parte, nas alterações hormonais e estruturais que ocorrem no trato urinário e na região vaginal.

O impacto da menopausa nas ITUs

O período da menopausa é caracterizado por uma diminuição notável nos níveis de estrogênio, o que traz uma série de modificações nos tecidos urogenitais. 

A síndrome geniturinária da menopausa (SGM) é uma condição multifatorial na qual os tecidos do trato urinário se tornam mais finos, secos e, consequentemente, mais susceptíveis a infecções. 

Esta condição afeta até 50% das mulheres na menopausa e gera sintomas como secura vaginal, coceira, desconforto urinário, ganho de peso e, sim, ITUs.

O pH vaginal, que é regulado em parte pelos níveis de estrogênio, também experimenta alterações durante a menopausa, tornando o ambiente mais propenso ao crescimento de bactérias patogênicas, um fator contribuinte para o desenvolvimento de ITUs. 

A falta de estrogênio também influencia a integridade e função das bactérias benignas, que normalmente ajudam a proteger contra patógenos indesejados.

Infecções urinárias mais comuns na menopausa

As infecções do trato urinário (ITUs) são uma preocupação predominante para mulheres na fase da menopausa e além, devido a várias alterações fisiológicas que ocorrem durante este período. Abaixo, exploramos algumas das infecções urinárias mais comuns que podem afetar mulheres menopáusicas.

1. Cistite

Bacteriana: Esta é a forma mais comum de ITU e ocorre quando bactérias, frequentemente a Escherichia coli, entram na bexiga, causando inflamação e infecção.

Intersticial: Diferentemente da cistite bacteriana, esta condição crônica é caracterizada por dor na bexiga e pelve, sem presença de infecção.

2. Uretrite

A inflamação da uretra, frequentemente resultante de uma infecção bacteriana, pode causar sintomas como dor ao urinar e uma necessidade urgente de urinar.

3. Pielonefrite

Embora menos comum que a cistite, a infecção renal (pielonefrite) é uma complicação possível e séria de uma ITU, exigindo intervenção médica imediata. Pode ocorrer quando uma ITU de menor gravidade, como a cistite, ascende aos rins.

4. Infecções Fúngicas

Embora não sejam tecnicamente ITUs, infecções fúngicas do trato urinário (por exemplo, causadas por Candida) podem se tornar mais comuns na menopausa devido às alterações no pH e na flora vaginal.

5. Atrofia Urogenital

Não é uma infecção per se, mas a atrofia do trato urogenital pode predispor as mulheres a ITUs frequentes devido ao afinamento e ressecamento dos tecidos, facilitando a entrada de bactérias no trato urinário.

Prevenindo e tratando infecções urinárias na menopausa

Embora as ITUs sejam uma realidade para muitas mulheres na menopausa, existem estratégias proativas que podem ajudar na prevenção. 

Uma dessas estratégias envolve o uso da terapia hormonal, que tem mostrado ser eficaz na minimização dos sintomas da SGM e, consequentemente, reduzindo as infecções urinárias na menopausa.

Cremes vaginais de estradiol, por exemplo, têm demonstrado ser uma ferramenta vital, visto que ajudam a restaurar a integridade do tecido vaginal, oferecendo uma barreira mais robusta contra as bactérias e outros patógenos. 

A aplicação tópica de estradiol não apenas auxilia na manutenção do pH vaginal adequado, mas também promove a espessura e a elasticidade do tecido, o que pode ser especialmente benéfico para mulheres que experienciam dor durante as relações sexuais, um sintoma comum na pós-menopausa.

A importância de abordar questões urogenitais na menopausa é ainda mais salientada quando consideramos a qualidade de vida e a saúde sexual das mulheres. 

Por muito tempo, estas questões foram negligenciadas ou minimizadas na comunidade médica, em parte devido ao estigma associado à discussão aberta sobre a saúde sexual feminina e também pela falta de estudos e recursos dedicados a esta área.

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Tenha um atendimento integral

Dada a complexidade e a interconexão entre a saúde urogenital e a saúde geral e bem-estar das mulheres, uma abordagem holística e multidisciplinar é frequentemente a mais benéfica. 

Equipes médicas que incluem ginecologistas, urologistas, e até mesmo psicólogos, podem trabalhar em conjunto para criar um plano de tratamento que aborde não apenas os sintomas físicos, mas também os impactos emocionais e psicológicos das mudanças urogenitais durante a menopausa.

Dentre as diversas estratégias de manejo, a terapia hormonal sistêmica também é uma opção para algumas mulheres, especialmente aquelas que experimentam sintomas vasomotores, como ondas de calor e suores noturnos, juntamente com os sintomas urogenitais. 

É essencial, no entanto, que os benefícios e riscos desta abordagem sejam cuidadosamente discutidos com um profissional de saúde, dada a variedade de fatores que precisam ser levados em conta, incluindo o histórico médico e os riscos associados ao câncer e eventos cardiovasculares.

A linha de fundo, portanto, reconhece que a menopausa é uma fase natural e inevitável na vida de todas as mulheres, e que os desafios urogenitais que frequentemente a acompanham são significativos e merecem uma atenção e cuidado igualmente significativos. 

Através de uma combinação de terapias farmacológicas, alterações no estilo de vida, e apoio psicológico, muitas mulheres podem navegar por esta fase da vida com conforto e confiança, mantendo a qualidade de vida e o bem-estar que elas desejam e merecem.

Por fim, espero que tenha compreendido quais as infecções urinárias mais comuns na menopausa e, para mais informações como esta, siga também meu perfil no Instagram.